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A cidade do Piauí que quer se tornar a Finlândia brasileira da educação

29 Julho 2021

O dia amanhece “bonito pra chover” no inverno de Oeiras. Na cidade do sertão do Piauí, dezembro é um alívio ao temível be-erre-ó-bró, como é popularmente conhecida a temporada de calor intenso, superior a 40 °C, dos meses terminados em b-r-o. As chuvas que esverdeiam a paisagem trazem diferentes desafios para quem trabalha com educação no município de 37.000 habitantes. Se o ar condicionado, ou a falta dele, já não preocupa tanto, é a frequência das crianças às aulas que toma o protagonismo. Quando o rio Corrente transborda, alunos da área rural ficam isolados. Na cidade, muitos pais decidem que o aguaceiro é justificativa para poder faltar. E dá-lhe a direção das escolas ligar ou bater nas portas para cobrar presença. “Se chuva fosse desculpa, em São Paulo não haveria aula”, argumentam.

Problemas da educação de um Brasil real passam todos os dias pelo divã de Tiana Tapety, como a secretária de educação de Oeiras chama seu período de atendimento das 7h às 13h. Sobre sua mesa, nenhum computador. Pastas e livros dividem o espaço com uma pequena imagem de Jesus, que assiste ao entra e sai de funcionários, pais e professores, e às discussões sobre estratégias para driblar recursos escassos, problemas sociais de todo tipo, o excesso de calor e, quem poderia imaginar, até mesmo os transtornos causados pela tão esperada queda da temperatura, como a chuva de besouros bufão.